quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Rogério Sganzerla - O abismo da marginália cinematográfica

No final dos anos 40 e durante os anos 50 bem no período pós-guerra a Itália se reconstruía social e culturalmente com o neorrealismo de Rossellini e Vittorio de Sicacom filmes que usavam como cenário a própria realidade, assim como atores amadores e pessoas do povoE com inspiração nessa estética e nesses preceitos alguns cineastas como Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha, Rui Guerra, Carlos Dieguesentre outros, na década de 60, começam a tomar essas ideias e colocá-las em pratica com o velho bordão do Glauber Rocha “Uma ideia na cabeça e uma câmera na mão” começa ai saga do Cinema Novo no Brasil, com obras como “Os Fuzis”, marco inicial de Rui Guerra, e "Deus e o Diabo na Terra do Sol" de Glauber Rocha. Um cinema de esquerda, contestatório e adaptado a realidade brasileira, mas mesmo assim ainda cheio de ranços e de cineastas que com o passar dos anos virariam a casaca, os ideais e suas raízes.



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Café e cigarros

Café e cigarros



Ela saiu de casa cedo
Na mesa apenas um papel qualquer jogado
Em letras rápidas e trêmulas, poucas palavras:
“Vou indo, adeus... nos  vemos um dia desses”
Foi buscar novos caminhos, e eu apenas era a velha estrada...
Já trafegada e conhecida.
Ela precisava de novos ares e eu de oxigênio
Abri o jornal matutino, nada de novo
Um cigarro pendendo das mãos... é o que restava
Sobraram para mim apenas as lembranças.
A mesma cadeira, o mesmo espaço antes ocupado pela silhueta dela
A torneira que teimava em pingar mesmo com tudo isso
Na pia um copo; desses baratos, com restos de café...
Que ela tomou antes de partir para sua viagem.
Seus últimos restos mortais.
Visto um par de chinelos amarelados, rastejo até o sofá,
A janela ainda estava cerrada, provavelmente iria ficar durante o resto do dia.
Ligo a TV, nada além de besteiras, tomo um trago de qualquer coisa...
Acendo mais um cigarro, volto para cama
Entre uma tragada e outra, murmuro:

“Que tudo mais vá a merda...”

por Cleiner Micceno